domingo, 14 de março de 2010

Ontem


Eu adoro cutucar as minhas feridas quando digo que a minha família nunca ligou muito para mim, acho que repito isso muitas vezes para eu ter forças para seguir, sem ficar presa a essa palavra que muitas das vezes para mim foi e é apenas um substantivo abstrato. Mas, ontem foi diferente, ontem senti vontade de estar perto de todos, de abraçar todos,de rir das piadas chatas dos meus tios, de ouvir as reclamações das tias, de mimar as minhas primas mais do que mimadas, de falar da minha vida sem me irritar, de dizer a todos o quanto eles são importantes para mim e que não me importava se não fosse recíproco. Sou muito crítica e espero muito das pessoas, o que preciso entender é que não se deve esperar muito, apenas sentir o que o momento nos oferece, sem nada de muito profundo e digno de análises, é apenas o momento familiar pelo momento familiar, nada de ressentimentos.É só e lindamente a voz da minha avô, ali, nos unindo por um elo meio fraco, mas que vale a pena eu me desarmar e sentir. Eu sou muito ruim comigo mesma, mesmo que a minha intenção seja me proteger, eu antecipo o sofrimento tentando me poupar, não sei se isso é viver. Eu adoro falar que a vida me calejou, mas na verdade quem me caleja sou eu. Mas ontem foi diferente, eu me permiti, chorei tanto.

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