quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Medo de voar.


Poucas coisas são mais desconfortáveis que "andar" de avião. Você simplesmente embarca, senta, presta nem 1% de atenção nas instruções de socorro, só desliga mecânicamente o celular, a comissária de bordo simpaticamente nos ensina a colocar a tal máscara, nos indica com os gestos suáveis onde ficam as saídas de emergência e pronto, segundos depois estamos pelos ares, você sente como se a sua alma saísse do seu corpo, metade do corpo na terra e a outra metade no céu. Aquela doce inclinação que não sei se só o meu corpo sente é o momento que vem uma mensagem para o meu cérebro: começou o terror! E assim vai, coração saindo pela boca, boca seca, cara pálida e logo vem aquela voz (que inconscientemente vira Deus, pois nos dá um certo conforto e estamos em suas mãos) calma e nos avisa o tempo de voo, fala das novas regras da ANAC, fala do cartão de crédito tal, praticamente um artista. O alívio começa a querer surgir, mas é tão inseguro está ali nas nuvens, olhando para aquelas asas de metal.Quando você começa a achar que é um exagerado e medroso e que o lanchinho está preste a ser servido ( acho que isso é meio que uma jogada, pois sabem que comer é uma forma de sair da realidade triste) entramos numa área de turbulência, não é nada tranquilo para mim, aquele sacode mexe com o meu sistema nervoso que nem sei se um antidepressivo iria dar jeito, é um suador, misturado com fobia e aquela sensação de não poder fazer nada, afinal, para onde correr se algo der errado? Voar como passarinhos? Passado a instabilidade, vamos para o lanche, aquele biscoitinho salgados, um doce e opção de bebidas. Pronto, virou festa, todos começam a rir, a conversar, alguém que está preste a morrer não teria direito a um lanche, ? Acredito que esse é o pensamento incubado de muitos, pelo menos eu sinto mais chances de sobreviver quando me servem balas logo após o super lanche. Nesses momentos sempre observo a expressão das pessoas, normalmente estão todas aliviadas por algum motivo... E assim, passa o tempo e a voz calma retorna e nos avisa sobre a aterrissagem, eu quase solto fogos, mas só faria isso se não fosse tão ruim aquela sensação do avião descendo, aquele barulho das turbinas e aquele velho frio na barriga.Mas, até hoje sobrevivi e para a minha triste insegurança voarei cada vez mais.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Pássaros daqui

Eu sinto falta dos pássaros passando pelo céu em bando, não sei se passei a olhar menos para cima ou se aqui em Brasília os pássaros também tem um setor. Estranho, ? Aqui nem tem como eu dizer que "as aves que aqui gorjeiam,não gorjeiam como lá", pois não ouço canto dos pássaros.O bom de morar em cidade do interior é que você passa sentir a natureza mais de perto e passa a entender o céu.Eu sabia sempre quando ia chover e os pássaros sempre cantavam quando no relógio batia cinco da tarde.